Todo mundo se machuca, às vezes…

Tenho medo de pessoas que não reconhecem que são finitas, pequenas e que a vida nos atinge em cheio.

Várias vezes.
Sonhos despedaçam-se.
Tristeza bate na alma.

Afinal, ‘todo mundo se machuca, às vezes…’

Não saber lidar com isto, e negar, é o caminho da solidão.

E é interessante perceber que isto começa a bater forte no fim do ano.

Todo fim do ano…  Continue lendo “Todo mundo se machuca, às vezes…”

John Piper não é quem vocês pensam

Estive no “Juntos em Cristo” lá no Riocentro. Entrei e logo comprei um livrinho pra prestigiar. A organização estava ótima! Ninguém queria aparecer mais que o outro, todo mundo teve voz e a FIEL detonou ao trazer John Piper para falar sobre alegria para os brasileiros.

Confesso, estava esperando um gênio estrondoso sacudir o Riocentro. Ao contrário disso, vi um coroa humilde e contrito subir a plataforma e falar das verdades da Bíblia com uma clareza fantástica. Nada novo, nada diferente. Tudo que Piper falou estamos cansados de ler na Bíblia, mas não aplicamos na vida.
Piper não é gênio. Não é um superhumano, nem tampouco uma espécie de messias dos crentes considerados “sérios”. É apenas um crente genuíno que expõe a Palavra e que se dispôs a ser relevante. Ele me mostrou que qualquer um pode pregar bem!  Como disse meu amigo João Costa “numa sociedade onde todo mundo quer ser gênio, estrela ou o melhor” John Piper prefere ser só um homem que vive o que prega. E isso faz dele o maior expoente da pregação cristã de nossos dias. Só isso!
E no mais, tudo na mais santa paz!
Márcio de Sousa
Retirado do site do próprio autor

Agradecimento eterno

Estava num retiro de minha igreja. O ano era 1997. Era num sítio em Xerém. Fazia frio. Apesar da baixa temperatura, meu coração estava queimando. Queria mais da parte de Jesus. Não sabia por onde começar. Havia sido convertido pelo Senhor em outubro do ano anterior e estava preocupado em não me perder no reino “encantado” da igreja.

Tinha poucos referenciais. Lembrava de um amigo querido que sempre me falou para ter cuidado com os livros que chegassem as minhas mãos pois existia muito maluquice no meio evangélico.

Naquele retiro resolvi abrir meu coração com o querido Emmanuel, que tornou-se um dos grandes amigos que tenho. Cheguei tímido até ele. E me abri dizendo que queria mais de Jesus, mas tinha medo de me aventurar pelo caminho da literatura teológica e encontrar coisa que me fizessem mal.

Lembro até hoje. Sentados na varanda, ele se levanta e fala que vai pegar um livro. Ele volta com o livreto “Crer é também pensar” do John Stott. E me falou: “Leia tudo que puder deste cara!” Conselho dado, sigo o rumo.

Li tudo que pude do John Stott. Sempre.

Inclusive no primeiro semestre de 2011 ao me perguntarem qual classe de EBD gostaria de ministrar, sem muitos titubeios falei que queria falar sobre o Sermão do Monte. Como base usei Lloyd-Jones e Stott. Na verdade, 80% do curso foi baseado no comentário dele sobre esta porção do Evangelho de Mateus.

Ontem soube da morte deste santo homem de Deus. Não contive as lágrimas. Parecia que tinha perdido parte de mim. Como se um amigo próximo tivesse morrido. Lamentei e senti aquela dor que a morte traz ao coração de todo homem que sabe que não fomos feitos para a morte.

Hoje a eternidade deu as mãos ao amigo que nunca tive oportunidade de encontrar. Jesus o chamou para o descanso. Um dia Ele me chamará também. E terei a oportunidade de conversar face a face com Stott, num papo gostoso e sem termos a mancha do pecado que habita em todos os homens.

Louvado seja o Senhor! 

Transformando Charlie Brown num vencedor?

Texto escrito por IZIDRO, meu querido irmão.

Ele foi reprovado em todas as matérias na sétima série. Foi reprovado em Física no Científico, com nota zero.  Também foi reprovado em Latim, em Álgebra e em Inglês.

Nos esportes, ele não foi nada melhor. Conseguiu entrar para o time de golfe da escola, mas perdeu o único jogo importante da temporada.

Quando promoveram um jogo de consolação, ele também perdeu.

Durante todo o tempo na escola, teve problemas com sociabilidade. Os outros alunos nem chegavam a não gostar dele, porque ninguém lhe dava importância suficiente para isso.

Era como se ele não existisse.

Não se sabe como foi sua vida sentimental, mas ele nunca convidou uma garota para sair, durante todo seu tempo na escola: tinha medo de ser rejeitado.

Ele era um perdedor. Todo mundo sabia disso. Até ele mesmo. Mas havia uma coisa muito importante para ele: desenhar. Seus desenhos eram seu orgulho.

Ninguém, além dele mesmo, gostava dos desenhos.

No último ano do Científico, ele ofereceu alguns quadrinhos para os organizadores do livro de formatura e todos  foram rejeitados.

Mas ele estava convencido de seu talento e resolveu se tornar um artista profissional.

Escreveu uma carta para os estúdios Walt Disney. Pediram que mandasse umas amostras do seu trabalho e sugeriram um tema para ele desenvolver. Ele desenhou os quadrinhos propostos. Trabalhou durante largo tempo.

Quando  recebeu a resposta dos estúdios Disney, descobriu que fora rejeitado.

Mais uma derrota para o perdedor.

Ele decidiu, então, escrever sua própria biografia em quadrinhos. Descreveu a si mesmo quando criança – um garoto perdedor e que nunca conseguia se sobressair.

Logo, o personagem de quadrinhos se tornaria famoso no mundo todo. O garoto para quem tudo dava errado, cujo trabalho fora rejeitado vezes sem conta, era Charlie Schulz, o criador da tira Peanuts, do cachorro Snoopy e do pequeno personagem Charlie Brown. Um garotinho cuja pipa nunca voava e que nunca conseguia chutar uma bola de futebol.

Uma coisa é certa Deus tem o tempo certo pra transformar perdedores em vencedores… o nosso trabalho é esperar e não desistir.

The book is on the table…

Hoje fui até uma livraria católica a procura de um livro. Chegando na livraria fiquei procurando o livro e ao mesmo tempo pesquisando novos títulos. Em determinado momento o vendedor e uma cliente estavam conversando alto, bem ao meu lado e não pude deixar de ouvir a conversa.

A senhora estava a procura de um livro e um cd de um padre. Na loja não havia nenhum exemplar dos produtos procurados por ela. Ela seguiu perguntando onde havia outra livraria católica onde poderia adquirir o que tanto queria. O vendedor informou que aquela era a única livraria católica da cidade. A idosa lamentou o fato e ainda argumentou que havia um monte de livrarias evangélicas e somente uma católica. Ai, o vendedor falou com desdém: “E nas livrarias evangélicas a senhora só vai encontrar Malafaia, Edir Macedo e similares!”

Ai, não me contive. Tentei, confesso, mas não me contive e tive que intervir na conversa de forma carinhosa e amável: “Só uma coisa: realmente tem muita porcaria nas livrarias evangélicas, mas nem tudo se resume a estes que você citou. Tem coisa boa!”

A senhora respondeu afirmativamente, concordando com minhas palavras. O vendedor fechou a cara e simplesmente respondeu que a senhora não acharia o que procura por lá. Sorri e continuei a minha procura na loja. Não era caso para discutir, mas de informar.

Fiquei pensando logo depois sobre a afirmação do vendedor. Realmente ele não deixou de ter razão no que ele falou. Há milhares de livros que prejudicam muito a fé de tantos que sinceramente se achegam ao Senhor. Há que se ter muito cuidado quando se entra numa livraria evangélica. Muitos compram a lista dos “10 mais” e deixam de se aprofundar em sua fé porque só procuram os ‘ventos de doutrina’ que abatem a igreja atual.

Só que ao mesmo tempo, numa simples visita podemos adquirir obras de gente como J.I. Packer, John Stott, Eugene Peterson, Richard Foster, William Hendriksen, Martin Lloyd-Jones, Jürgen Moltmann, Allister McGrath, Karl Barth, João Calvino e tantos outros autores que me auxiliaram a perceber que a fé cristã é prática e profunda.  Entre os brasileiros temos em muitas estantes nomes de peso como Ricardo Barbosa, Russel Shedd, Robinson Cavalcanti, Ariovaldo Ramos, Heber Campos, Augustus Nicodemus, Renato Vargens e outros tantos!

Homens que regaram as raízes da fé de tantos homens e mulheres de Deus na história da igreja. Que em seus escritos nos inspiraram a sermos mais parecidos com nosso Senhor. Temos estes e tantos outros escritores que estão em algumas estantes nas livrarias evangélicas, mesmo que num canto escondido, auxiliando a nossa caminhada cristã. Infelizmente, não estão na lista dos mais vendidos, mas estão lá a disposição de quem possa adquiri-los.

Lembro sempre de uma frase: “Livros não mudam o mundo, mudam pessoas”. A cada dia estou convicto disto! Se em nossas livrarias a coisa não está fácil, isso não quer dizer que não há nada bom. Sempre há! Basta procura, pesquisa e conversa com pessoas mais experientes na fé. Antes de comprar, não custa nada perguntar.

Bom, é isso!

Feliz Natal a todos!

Fica quieto…

O reality show “A Fazenda” tem andado na boca do povo. Mesmo não tendo a mesma repercussão do BBB, tenho visto o crescimento da audiência do programa. Inclusive, não há como zappear pela Record sem assistir nem que seja um minuto do programa que é divulgado à exaustão pela emissora.

Como acontece em todos reality shows, o grande acontecimento é a eliminação dos participantes do programa. E entre os integrantes do tal programa tem um cara que eu admiro. Muitos até ficarão de cabelos em pé, mas preciso confessar: sou fã de longa data do Carlinhos, mais conhecido como o Mendigo.

Acompanho há muito tempo o programa Pânico na rádio. Não tenho muitos motivos para ver as forçações de barra do programa da TV, que prefere a ótica do absurdo e baixaria. Diferentemente o programa de rádio sempre foi divertido aproveitando ao máximo convidados de gosto muitas vezes duvidoso. Lá aprendi a admirar a forma rápida que o Mendigo conseguia criar piadas de coisas muitas vezes simples. A rapidez do pensamento do humorista me assustava e me fazia morrer de rir. Outra coisa que chegava a ser inacreditável era o humorista que ‘pegava pilha’ com as brincadeiras dos companheiros de programa. Um humorista mau humorado é algo quase surreal!

O que muitos hoje descobriram, descobri há muito tempo: a raiz da forma rude daquele humorista e sua rapidez vinham da sua vida de menino de rua. A história de alguém que apanhava na Febem, da família e dos “amigos” da rua! Um cara sofrido que a vida transformou em um humorista dos bons! Aquela pedra ainda bruta que fazia rir, estava sendo lapidada pelo drama do abandono e violência de sua infância.

Um menino, que provavelmente, durante boa parte da vida deve ter sido colocado contra a parede. Deve ter ouvido de muitos que a vida não teria mais jeito, que tudo seria sofrimento e a solução devia ser o crime e a vida “fácil”. Só que houve uma reviravolta na história do então adolescente: apareceu uma senhora de uma das famílias mais ricas e por um ato de misericórdia tirou aquele garoto da rua. O menor infrator tornou-se office-boy interno na Jovem Pan.  E em pouco tempo aquele moleque trocava o horário do almoço para sentar no chão do estúdio e assistir o programa Pânico. Prestando atenção nos caras do programa, aproveitando oportunidades e confiando em seu talento, anos depois tornou-se  um humorista querido por muitos.

Como será o futuro dele? Não tenho a menor idéia. O que sei é que imensos talentos como o dele estão em praças, ruas e morros. Muitos esperando uma mão que fale sobre o talento deles, num discurso diferente dos jornais e telejornais que preferem exterminar toda uma geração que poderia ter um futuro diferente do que a vida tem se apresentado. Alguém que abra porta de educação e trabalho. Demonstrando com atos que a vida é muito mais que fugir da própria vida!

Ando nas ruas e vejo uma imensa quantidade de meninos de rua que tem talento. Não são meros mortos-vivos entorpecidos pela cola que vivem cheirando. São meninos que precisam de uma oportunidade e não de caras amarradas de uma legião de brasileiros que insistem em negar sua existência. Enquanto isto morrem de rir das piadas de um cara que foi um dos milhares de meninos que hoje poderiam estar no submundo do crime.

Deus faça esta Nação se arrepender de nossa omissão!

Eu vi um “apóstolo”…

Os doze apóstolos
Os doze apóstolos

Fomos a uma pizzaria comemorar o aniversário de uma querida amiga. Estávamos à mesa com um grupo de nossa igreja. Todos alegres, contando piadas, rindo da vida e cheios de comunhão uns com os outros. Na nossa mesa nada diferenciava ninguém. Não importava se estavam ali pastores, seminaristas, pessoal do louvor, missões ou qualquer departamento de nossa igreja. Nós percebemos a vida não departamentalizada: todos somos pecadores e precisamos de Cristo e um dos outros.

Estava conversando com um querido amigo na mesa e me perdi pensando que ali estava um grupo de pessoas que amam a Cristo e O servem na vida. Com suas qualidades e defeitos. Conversando de todos os assuntos possíveis e em nada diferenciando-se do restante das mesas. Eu agradeci a Deus por fazer parte de um grupo assim. Pessoas que se sabem gente e vivem como gente. E não como robôs da fé.

De repente vejo minha esposa falando com duas senhoras muito simpáticas. Eram companheiras de meus sogros na caminhada da fé. Há muito tempo conhecem a família de minha esposa. Estavam animadas e sorridentes. Minha esposa veio apresentar-me a elas e continuei percebendo a simpatia delas. A senhora mais velha apresentou-me a filha, uma mulher de uns 50 anos. E não deixou de falar com muito orgulho sobre a filha e do genro:
“Esta é minha filha. Ela é bispa e meu genro é apóstolo. Ele esta ali no caixa pagando a conta!”

Eu gelei de cima a baixo… Comecei a perceber um enorme abismo diante daquela mesa e a mentalidade da maioria das igrejas evangélicas brasileiras. Nossa mesa não era melhor ou formado por excelentes cristãos! Sei das nossas fraquezas! Mas exatamente por isso fiquei perplexo olhando aquela senhora que era bispa(episcopisa seria o correto). E fiquei triste observando ao longe um homem de meia idade, que foi colocado no patamar de apóstolo.

Naquele momento lembrei-me do que faz alguém um apóstolo e porque a igreja parou em Paulo como o último apóstolo legítimo diante da igreja. Depois disto não há um apóstolo legítimo sequer, mas somente um “cargo” eclesiástico qualquer. Afinal em algumas igrejas pelo mundo existem até cursos e diplomas de apóstolos!

A igreja reconhecia um apóstolo nos seguintes termos:
Foi escolhido e enviado pelo Senhor:  Lc 6.13;  Jo 6.70;  At 9.15; 22.213.
– Testemunhou Sua ressurreição: At 1.22;  1 Co 15.8,15
– Lançaram e formaram o alicerce da Igreja, da qual Jesus é a Pedra angular: 1 Co 3.10;  Ef 2.20

Olhando para aquele homem, que nem conheço, fiquei constrangido e indignado com o que muitos tem feito em nome de títulos e honrarias humanas. Não conheço o ministério e nem o coração daquele homem, mas não tenho como me calar diante de tal maluquice moderna.

Bom… Eu acredito em mudanças de vidas. Se isto for milagre, ok? Acredito em milagres e não me sinto bobalhão por isso. O que peço a Deus é que tire dos olhos daquele homem e família esta mentira vendida por sórdida ganância de poder! Que ele não se apresente num futuro próximo como apóstolo, mas como servo humilde de Cristo.

Ta aí… Será que se seminários teológicos deixassem de entregar um diploma e os formandos recebessem um abraço e imposição de mãos, tais instituições de ensino ficariam lotadas? Ao invés de um diploma, os formando recebessem a recomendação de serem humildes servos de Cristo, como seria a realidade da igreja formada por estes homens?

Sei que estou sendo simplório em minha reflexão, mas o que você pensa sobre este assunto?

Use os comentários e expresse sua opinião!

Naquele que nos une!

Ontem conheci Eduardo…

Uma Nação que olha para baixo!

Sim, ontem conheci Eduardo. Um rapaz de 32 anos de idade, negro, soropositivo e completamente desnutrido. Não tenho como dizer a altura dele, pois de tão debilitado ele não conseguia mais se levantar. Ele estava caído, jogado em cima de pedaços de papelão e coberto por um cobertor sujo. Estava ali há mais de 24 horas. Ele havia chegado numa cadeira de rodas que foi roubada na madrugada por dois homens bêbados. Eles o jogaram no chão e sem dó – por pura e insana “diversão” – roubaram a cadeira de um homem que mal tinha força para falar.

Eduardo estava sozinho, sem família para o ajudar em seus momentos finais. Haviam alguns desconhecidos querendo ajudá-lo a ter a dignidade perdida, mesmo que no momento de proximidade com a morte. Aquele rapaz estava jogado a própria sorte, enquanto muitos passavam como se nada estivesse acontecendo.

Por pura pressão e misericórdia, foi chamado o pessoal que trabalha com Assistência Social da prefeitura. Chegaram e verificaram o quadro. E com olhares perdidos e tristes atestaram a falência do municipio: Não podemos fazer nada! Porque? Os abrigos só tem vagas para quem pode “se virar sozinho”, portanto Eduardo não era um caso social, mas médico!

Chamamos os Bombeiros. Para nossa surpresa eles já tinham vindo mais cedo ver o estado daquele homem quase moribundo. Ao ser perguntado qual seria a melhor solução para aquele homem, o médico bombeiro preferiu discursar antes sobre seu curriculo acadêmico e afirmar que era cristão. Fiquei boquiaberto diante de tal início de conversa. Depois de falar sobre sua vida acadêmica e religiosa, o médico disse que o caso de Eduardo não era caso médico, mas social. E para me deixar ainda mais boquiaberto, o médico confessou que se levasse o rapaz para um hospital e os médicos verificasem que o caso dele fosse somente internação o pessoal do plantão “viria com sete pedras nas mãos para cima de mim”. E não era o caso de manchar o curriculo deste bravo médico dos bombeiros, né? Afinal Eduardo não lembrava nem o nome da mãe, nem sua data de nascimento e que era um cidadão brasileiro! Cidadania? Pra que? Ou pra quem?

Então chegou a SAMU e instaurou-se um caso ainda mais particular: o pobre Eduardo estava deitado, cheio de dores. E em estado total de esquecimento que ele era um ser humano e merecia cuidados. Ao redor dele estavam representantes do município(Assistencia Social da prefeitura), do Estado(Bombeiros) e Federal (Samu), que em uníssono cantavam a canção do descaso: um jogava a vida e cuidados do Eduardo para o colo e incompetência do outro.

Na porta da SAMU havia uma inscrição: BRASIL, UM PAÍS DE TODOS.

Será que o soropositivo, negro e abandonado Eduardo merecia este país? Um Brasil? UM PAÍS DE TODOS? Pude verificar isto na realidade, ali mesmo nas ruas. Ali eu vi o ESTADO petrificado em decidir se o caso daquele moribundo rapaz era SOCIAL ou MÉDICO! Percebi de forma inconteste, que o problema não era o pobre Eduardo, mas de um país hipócrita! Onde prefere-se que a resolução destes miseráveis seja a chegada de um rabecão e o pessoal do IML. Para que dar vida e cuidados ao Eduardo? Afinal, vai ser jogado novamente nas ruas! Esta é a lógica de um soberano e impávido colosso! Fechamos os olhos para casos de Eduardo, assim como fazemos o mesmo com Sarneys e afins.

Ficamos ali, observando até o fim: decidiram levar o rapaz para o hospital.

Então Eduardo abriu sua boca e falou algo que demonstra que ele sabe como é o descaso com o doente pobre neste país:
“Vocês vão me levar para o hospital pra que? Os médicos vão me jogar na rua de novo. Não vão me atender de novo!”

Ficamos duas horas de pé velando e pedindo a Deus que desse o mínimo de dignidade aquele homem quase moribundo. Ouvir da voz de um homem em estado final que lhe esta sendo negado a dignidade e cidadania me fizeram explodir num choro que a muito não tinha. O choro de ver que este país é feito de fatos como estes TODOS os dias e a nação esquece que isto acontece! Seja no futebol ou carnaval! Vivemos anestesiados, sorrindo de não sei o que.

Quantos Eduardos terão que morrer para que este Brasil volte a ter um coração de carne e sangue pulsando?

Comecei a lembrar dos homens que roubaram a cadeira de rodas do Eduardo. Que sairam rindo e gritando pela rua. Não estavam nem ai para o moribundo, mas viam somente a oportunidade de se divertir com a cara do rapaz. E pensei na hora: As intituições de saúde e assistencia social tem feito muito bem o seu papel de roubarem cadeiras e dignidades de tantos seres humanos abandonados pela vida e que moram nas ruas. Passam de Kombi ou ambulâncias por eles e o som das sirenes se parecem muito com as risadas dos bêbados ladrões de cadeiras de roda.

Deus um dia terá um encontro com esta Nação e isto me faz gelar. Os olhos de Deus estão atentos. E a igreja continua numa grande letargia. Até quando calaremos o som dos gritos dos miseráveis? Não podemos mais agir da mesma forma!

Deus tenha misericórdia de todos nós!

Uma simples faixa de pedestres…

Hoje completam 40 anos do lançamento de “Abbey Road” dos Beatles. E em comemoração a tal fato histórico, milhares de pessoas foram até a frente do mítico estúdio para terem a oportunidade de tirar uma foto igualzinha a capa do penúltimo disco oficial do Fabfour.  Fiquei sentado olhando aquela cena com uma vontade enorme de tirar uma foto ali. Na verdade este foi um sonho que sempre nutri.

Quem me conhece sabe que minha banda predileta é o The Who. Nunca escondi isto de ninguém, mas os Beatles estão entre as 5 que mais me emocionaram e fizeram deste humilde ouvinte um grande apreciador do rock. Gosto muito dos Beatles. Os quatro garotos de Liverpool acompanham minha vida desde meus 12 anos quando ouvi o disco “A hard day’s night”. Disco simples, infantil e ousado! Todo mundo canta junto.

Ai os caras foram amadurecendo, foram se entregando ao mundo próprio das composições e lançaram verdadeiros marcos históricos em forma de discos. A trinca imperdível Rubber Soul(1965), Revolver(1966) e Sargeant Pepper(1967); definem o som dos Beatles: criatividade em arranjos e letras, tudo harmonizado pelo mestre/maestro George Martin.

Este disco que agora completa 40 anos mostra o amadurecimento de McCartney como letrista e arranjador que seguiu em sua carreira solo. Lennon também já dá demonstrações de que tudo caminha para uma ruptura com os companheiros.

Sei que se passaram 40 anos e muitos querem fazer o caminho dos Beatles: atravessar a rua e ter esta imagem imortalizada em uma foto. Tudo igual a capa do magistral álbum. Sei que eu fiquei, como já disse anteriormente, com a vontade de ter esta oportunidade um dia. De esperar o sinal fechar e pedir para alguém registrar o momento: eu, minha esposa e filhos atravessando aquela já desgastada faixa de pedestres. Colocar o quadro com a foto do tamanho de um vinil na sala e ficar olhando para ele de vez em quando. Isso seria legal, sabiam?

Ao mesmo tempo me peguei pensando sobre um outro caminho e fiquei intrigado. Jesus andou por este mundo e fez tantas coisas que neste terra não caberiam a quantidade suficiente de livros contando todos os fatos (Jo 21.25). Naquele momento fiquei olhando minha velha Bíblia, já surrada, e fiquei imaginando algo como a capa de “Abbey Road”.

Será que tenho olhado para ela com vontade de (re)viver tudo que ela diz? Não falo de forma legalista/moralista, mas de ter o prazer de refazer os caminhos do Mestre. De olhar para a mensagem de Cristo e ter nela a inspiração para a vida. Tudo isto da forma devida, sem ranços religiosos ou libertinagem. Tendo o foco nos pés do Mestre, em suas pegadas e palavras. Tudo isto moldando minha vida e de minha família.

Fiquei pensando novamente… Pensamentos que vão e vem a mente…

Como seria legal ter um quadro de minha família, incluindo os filhos que ainda não tenho, numa imitação da capa do clássico disco dos Beatles. Como seria bacana! Contudo, como quero que minha família tenha nos passos de Cristo sua inspiração. Uma família de imitadores do Cristo! Que ama a vida, tanto ama que a dá a própria vida por amor dos seus! Que olha o outro com amor e compaixão! Caminhando na vida, sentindo o mesmo calor e tendo convicção que há mudança espiritual e social por onde quer que passemos. Caminhar como Ele faz todo o sentido!

Tudo isto eu vi através de uma pequena faixa de pedestres. Tudo isto fez real sentido nas palavras daquele que atreveu-se a dizer que Ele era o único Caminho, Verdade e Vida. Nisto ele foi mais radical do que os Beatles. Nisto ele foi mais inspirador que toda a música. E nisto ele foi mais que poeta! Foi e é o único sentido de se atravessar esta vida para a vida eterna!

Á Ele toda Honra e Louvor!

Um mundo caiu…

O Twitter saiu do ar… Suspense no mundo!

Exagero? Para algumas pessoas o sentimento de vazio foi enorme! Um vazio de duas horas, período em que durou o ataque hacker no microblog. Alguns, segundo grandes jornais, disseram que ficaram aflitos. Outras diziam que não havia motivo para terminar nada do que estava fazendo enquanto o microblog não voltasse: voltariam a trabalhar quando tudo voltasse ao normal! Li que um usuário estava desorientado porque não podia dizer ao mundo o que estava fazendo naquele exato momento…

Ai lembrei-me de uma aula de filosofia do seminário em que o professor falou que hoje o pensamento/reflexão tornou-se tarefa para muito poucos. Quando ele falava isto, estava afirmando que se há algumas décadas já eram poucas as cabeças pensantes, hoje os que se preocupam em ruminar pensamentos para ter uma uma opinião sobre algo, tornou-se um circulo ainda menor. Não tive como discordar.

Lembrei hoje daquela aula, justamente por causa da queda do site do Twitter. Não tive como pensar e tirar um grande sorriso ao pensar o seguinte: imaginem 6 meses sem Wikipedia! O emburrecimento desta geração estaria ainda mais exposto. Se as informações da enciclopédia virtual já não é das mais confiáveis, imagina a sua interrupção por causa de hackers?

Será que o povo deixaria de “copiar e colar” os textos do famigerado site e passariam a descobrir que existe uma “coisa” chamada livro? Eles entenderiam que o cérebro pode guardar informações em quantidades maiores do que o maior dos HDs? Acho eu que até mesmo ficariam boquiabertos: o mundo do pensamento ultrapassa o mundo dos fóruns que infestam a internet! E pasmem: perceberiam que a discussão face a face, pode ser extremamente saudável!

Enfim… Que a vida ultrapassa o mundo dos bits!

Hoje muitos se sentiram solitários porque o twitter saiu do ar. Será que os hackers fizeram um grande favor de avisá-los que por duas horas ficaram de frente a um espelho?

Fica esta pequena reflexão que não foi copiada do wikipedia! rssssssssss

PAZ!